quarta-feira, 16 de março de 2011

CONTRASTE INFELIZ

Era uma rua deserta
Onde nem carro passava
Haviam dois casarões
Em cada lado da calçada

       No portão quase tombado
       Um velhinho recostado
       Olhava para o outro lado
       Aonde crianças estavam

Seus olhos lacrimejavam
E fui com ele falar
Achando que o bom velhinho
Estava a infância a recordar

       Qual não foi o meu espanto
       Quando ele me confessou:
       Não estou pensando em mim
       É por eles esse amargor

Não entendi a resposta
E então lhe perguntei:
Se eles parecem felizes
Por que pena deles tem?

       Fiquei sabendo então
       Que doutro lado da rua                               
       Aquelas crianças brincando
       Eram orfãos ali morando

Que brincadeira do destino
Um asilo e um orfanato
Na mesma rua deserta
Onde nem carro passava

       O velho continuou...
       Eu tive tudo na infância
       Tive pais, amor e fartura
       Só agora tudo acabou
                                                                                                                
O motivo da minha tristeza
É saber o tamanho da dor
De quem sozinho e esquecido
Implora um pouco de amor 
                                                                                                           
       E eles tão pequeninos
       Que nada de bom tiveram
       Talvez passem pela vida
       Sem nem conhecer o amor   

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