Era uma rua deserta
Onde nem carro passavaHaviam dois casarões
Em cada lado da calçada
No portão quase tombado
Um velhinho recostado
Olhava para o outro lado
Aonde crianças estavam
Seus olhos lacrimejavam
E fui com ele falar
Achando que o bom velhinho
Estava a infância a recordar
Qual não foi o meu espanto
Quando ele me confessou:
Não estou pensando em mim
É por eles esse amargor
Não entendi a resposta
E então lhe perguntei:
Se eles parecem felizes
Por que pena deles tem?
Fiquei sabendo então
Que doutro lado da rua
Aquelas crianças brincando
Eram orfãos ali morando
Que brincadeira do destino
Um asilo e um orfanato
Na mesma rua deserta
Onde nem carro passava
O velho continuou...
Eu tive tudo na infância
Tive pais, amor e fartura
Só agora tudo acabou
O motivo da minha tristeza
É saber o tamanho da dor
De quem sozinho e esquecido
Implora um pouco de amor
E eles tão pequeninos
Que nada de bom tiveram
Talvez passem pela vida
Sem nem conhecer o amor
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